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Cabo Frio oferece mais médicos à população do que muitas capitais brasileiras

 
 
 
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Brasil tem uma média de 3,1 médicos que atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS) por cada mil habitantes. O estudo analisou a situação do país em diversas áreas, como saúde, educação, assistência social, previdência social e trabalho, e faz parte do relatório "Presença do Estado no Brasil: federação, suas unidades e municipalidades".  Já o Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta um índice de 1,95 médico por cada grupo de mil habitantes. Números inferiores ao preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirma que o ideal é um profissional para cada mil habitantes.



                Criado em 1988, o Sistema Único de Saúde tinha um objetivo claro: universalizar o atendimento aos brasileiros. Como é de conhecimento público, não foi isso o que aconteceu na maior parte do país. Passados 26 anos, usuários enfrentam filas e esperam meses e até anos para conseguir realizar uma cirurgia eletiva - os procedimentos não emergenciais. Seria ainda pior se parte da população brasileira não tivesse abandonado o SUS, pagando um valor extra por planos privados de saúde. 



                Mas um levantamento divulgado, essa semana, pela Secretaria Municipal de Saúde de Cabo Frio aponta números expressivos no município, e mostra que a situação na cidade de 200 mil habitantes, localizada na Região dos Lagos, no interior do Rio de Janeiro, é bem melhor do que a realidade encontrada em muitas capitais brasileiras. Segundo o levantamento, trabalham na rede pública do município 947 médicos, o que significa uma média de quase um profissional para cada 200 habitantes. Média igual a de Cuba, que mesmo depois de exportar médicos para muitos países, ainda conta com 60 mil profissionais, um para cada 200 habitantes, uma das mais altas taxas da América Latina.



                - Aumentamos o número de médicos na rede desde o início do atual governo porque entendemos que a população não pode esperar pela realização de uma consulta, de um exame, de uma cirurgia. A saúde tem que estar em primeiro lugar -, diz o secretário de Saúde de Cabo Frio, Dirlei Pereira.



                Os moradores de Cabo Frio não aguardam mais do que sete dias para agendar uma consulta com um especialista. No município, o sistema de marcação de consultas foi informatizado e os agendamentos são feitos de uma semana para a outra. Como resultado do novo modelo de assistência implantado no município, a fila de pacientes que aguardavam por algum procedimento ortopédico, foi reduzida a zero. Segundo a coordenação do serviço municipal de ortopedia, em cinco meses foram realizadas 231 cirurgias, o que agora permite que o sistema funcione com fluidez. Além disso, foram implantados novos programas de saúde, como o tratamento que previne novas fraturas em pacientes com osteoporose, o atendimento humanizado nos hospitais, como no Hospital da Criança e no Hospital da Mulher, que voltou a ter 90% de aprovação dos moradores, em recentes pesquisas realizadas no município. Prova disso é o aumento no número de atendimentos na unidade de saúde, que em 2013 chegou a ser 50% maior do que o registrado em 2012. No ano passado, foram realizados no hospital, mais de 3.000 partos, 600 cirurgias ginecológicas e cerca de 18.000 atendimentos de emergência para pacientes de todas as cidades da Região dos Lagos.



                - Foi necessário um cuidado com o destino dos gastos, priorizando os investimentos em setores que dinamizem a saúde, como a contratação de prestadores de serviço para agilizar a realização de exames que antes não eram oferecidos pelo município, como por exemplo, mamografia, tomografia e raio x, com imagens digitais. Além das imagens mais claras, com mais qualidade para o paciente, os exames são mais rápidos, com menos repetições e menos exposição à radiação -, explica o secretário.



                O desejado choque de gestão chegou até a própria administração do sistema. Desde março, o município assumiu a gestão plena da Saúde, desde a Atenção Primária até os procedimentos de média e alta complexidade. Assim, os recursos antes destinados pelo Ministério da Saúde primeiramente para o Estado, seguirão diretamente para os cofres do município, que assumirá a condição de gestor de todos os contratos, mantidos através do Sistema Único de Saúde (SUS), com prestadores de serviços que atuam na cidade, como é o caso de hospitais, clínicas laboratórios de análises clínicas, entre outros.



            - Vamos ter mais controle para exigir serviço de qualidade para a população. A saúde é uma área que requer conhecimento técnico amplo em todas as etapas: planejamento, execução e avaliação dos resultados. E é exatamente o que estamos conseguindo realizar aos poucos -, diz Dirlei Pereira, desde o final do ano passado no cargo.



                Outro alvo de mudanças aconteceu no programa Saúde da Família, que fornece atendimento básico à população previamente inscrita. As 34 unidades são modelo de gestão para os outros municípios da Região dos Lagos. As equipes são formadas por médico generalista, enfermeiro, técnico de enfermagem e agentes comunitários. Algumas unidades contam ainda com dentista e auxiliar de saúde bucal. Todas as unidades estão equipadas para atender a comunidade com a saúde preventiva. O trabalho bem executado na base evita que os pacientes tenham complicações e precisem de atendimento de média e alta complexidade.



                - Estender o acesso ao médico da família é uma estratégia importante. O investimento é compensado pela economia advinda dos frutos do atendimento preventivo. Por exemplo: ao invés de um cidadão procurar um hospital quando já se encontra doente, o que demanda um tratamento caro, ele recebe cuidados permanentes e prévios.  Cidadãos inscritos nesse programa recebem atendimento clínico, o que diminui a busca desnecessária por especialistas e a realização de exames. Você gasta menos, com resultados melhores -, explica Dirlei Pereira

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                É lógico que ainda existem problemas e nem toda a população está satisfeita. Mas o importante é saber que o município está no caminho certo.



                - Estamos recuperando os convênios com o SUS para atender melhor a população. Estamos investindo em campanhas de prevenção e imunização preconizadas pelo Ministério da Saúde, abrangendo ao máximo sua inserção na cidade, inclusive Hanseníase e Tuberculose, que há anos não recebiam uma atenção tão abrangente. Estamos resolvendo a questão dos medicamentos e por fim, nunca é demais lembrar: em matéria de dinheiro público, é preciso endurecer a fiscalização dos gastos -, finaliza Dirlei Pereira.

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